segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fim de ano.

Quatro dias para o final do ano que achava ter sido um dos piores da minha vida. Suspiro com alívio, ao contar os dias num calendário de papel, daqueles grandes, que se ganha em lojas populares ou redes de supermercado. Esses trezentos e sei lá quantos dias, foram se amplificando de forma gradual e maçante, sendo que o peso que carrego agora, de todo esse ano pesado e cansativo já machuca meus ombros.
Minhas alegrias, nesses meses que passaram foram todas tão efêmeras e intensas, nunca em plano real. Sempre provindas dos meus anseios loucos, e sonhos desvairados. As ilusões bregas, impensáveis e impossíveis que fiz questão de costurar, uma em cima da outra, ou do lado, meio assim como patchwork. Não me sujeitei a nada do que não quis, e apesar do meu fracasso de ano novo, posso me dizer completa, inteira. Mudar princípios e valores fez parte do ano que se finda, de que adianta morrermos por algo que não tem mais o mesmo valor, para que tentar concertar o que já faz parte do passado e não mais desta realidade de vida que hoje tenho. É como aquelas roupas, que depois de tanto tempo tentando usar, fazer combinações esdrúxulas, ainda mantemos intactas, mesmo que no fundo do armário. Tentamos consertos que quase nunca ficam como o combinado, e a roupa volta apenas a ocupar espaço, e reavivar lembranças, de momentos onde não havia preocupações como a chuva, as festas, o natal e as pessoas. O apego material é muito próximo ao sentimental. Mesmo que as palavras nos remetam obviedades opostas, o sentimento é idêntico. Quando o armário começa a transbordar, ver cada peça de roupa e não sentir mais nostalgia, e sim raiva, é o momento ideal para pegar um grande saco de lixo e colocar tudo dentro, levar para quem realmente necessita de roupas exatamente deste tipo. Porque, se pelo menos não podemos fazer bom uso, um uso correto do que não nos faz mais feliz e satisfaz, nada mais humano do que passar para frente. A troca é justíssima. Vai que alguém decide que é hora de você ganhar roupas novinhas em folha, do jeitinho que você sempre imaginou...

2011, que você me faça feliz. Deixe-me contente e me encante, se o caso for. Porém, tatue nos cadernos e pautas, no que escrevo e que vivo a cor que o ano que ainda não terminou se esqueceu de fixar. Bagunçado que foi, acabou sem demais sorrisos, e levou consigo tanto a alegria extrema quanto a tristeza lamuriante que vivi os doze longos meses (quase) passados, ficando em mim certezas que antes não tinha, ideais que não existiam, sonhos nunca antes sonhados, metas nunca antes traçadas. Deixou vazio, inteirinho pra que você ano novo, pinte e borde o que quiser. E que desde já, peço que é pra acontecer: que venha, e que chegue com força. Surpreenda-me, e faça-se meu herói. Seja o que não foi 2010, e seu papel cumprido será: daqui um ano, quando estiver exercitando o pensamento e novamente dedilhando teclas e idéias, posso pensar 'não acabe dois-mil-e-onze, pois este ano eu fui feliz.
(Arte Camila)

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